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Quinta, 21 de novembro de 2024

Pedra vai ‘desmontar’ a usina São Fernando

Grupo paulista pagará R$ 661 milhões em 20 anos, o que representa um corte de mais de 60% na dívida da massa falida

30 de mar 2022 - 16h:18 Créditos: Por Camila Souza Ramos — De São Paulo
Crédito: Foto: Victoria Priessnitz / Unsplash

Erguida há menos de 15 anos pela família do empresário José Carlos Bumlai, a Usina São Fernando, de Dourados (MS), deverá ir para as mãos da Pedra Agroindustrial, grupo tradicional que tem três usinas em São Paulo e é sócio da Copersucar. A empresa quer desmontar a indústria e distribuir os equipamentos em suas outras unidades.  A usina foi erguida no ápice do entusiasmo do empresariado com o consumo de etanol no Brasil, mas a situação começou a degringolar pouco depois da inauguração, sentindo os reflexos da crise internacional de 2008 e da política de controle de preços da gasolina nos anos seguintes. Em 2013, a companhia ainda empregava 3 mil trabalhadores e gerava 9 mil empregos indiretos. Naquele ano, já com pagamentos atrasados, a usina entrou em recuperação judicial, para depois falir em 2017. No ano passado, a usina não processou cana, e incêndios atingiram 3 mil hectares antes ocupados por canaviais. Em nove anos, a dívida, que era de R$ 1,2 bilhão, passou de R$ 2 bilhões. · Reciclagem de resíduos sólidos estaciona em 3% Sai primeiro CRA referenciado em dólar, de US$ 16 milhões ·  Várias propostas Apesar das dificuldades, vários investidores tentaram comprar a usina nos últimos anos. Como a usina é relativamente nova, com capacidade intermediária (4,5 milhões de toneladas anuais) e tem duas plantas anexas de cogeração de energia com a queima do bagaço da cana, os interessados consideravam os ativos valiosos. Ontem, reunidos em assembleia, os credores da massa falida tinham na mesa duas propostas. Além da oferta Pedra Agroindustrial, também apresentaram proposta conjunta a Energética Santa Helena, de Mato Grosso do Sul, e a gestora Möbius Capital. A proposta da Pedra consistia em um pagamento de R$ 661 milhões aos credores por 20 anos, o que representa um corte de mais de 60% da dívida. Já a segunda proposta era de pagamento de R$ 1 bilhão, mas dividido em 30 anos e com pagamentos de apenas R$ 2 milhões anuais até o décimo ano. O plano ainda dependia de investimentos em novos canaviais, já que as áreas que atendiam a usina migraram de atividade, com plantio de grãos. A oferta da Pedra recebeu apoio dos bancos públicos - BNDES e Banco do Brasil, que têm os maiores valores a receber -, o que garantiu a vitória da proposta. Na assembleia, o BNDES argumentou que a proposta do grupo paulista era a que atenderia o maior número de credores. A resistência à oferta veio do sindicato de trabalhadores de Dourados, que criticou o fato de a empresa querer desmontar a indústria, que já foi uma das maiores empregadoras no Estado. Na votação, credores que representavam 77% dos créditos presentes na assembleia votaram pela proposta da Pedra, enquanto a segunda proposta recebeu a anuência de 23%. Como o modelo da transação é venda direta, a decisão cabe apenas aos credores, mas ainda precisa ser homologada pelo juiz da falência, segundo Vinicius Coutinho, administrador da massa falida. Desde que a Usina São Fernando entrou em recuperação judicial, tentaram comprá-la o fundo americano Amerra, o grupo argelino Cevital, a Millenium Holding, do empresário Eduardo Lima, a AGF Indústria Produtora de Açúcar, Etanol e Energia Elétrica Ltda, que possui uma usina em Pernambuco, e um grupo de investidores capitaneado por Winston Fritsch, entre outros. Mais do Valor Econômico Ouro fecha em alta com menor euforia sobre progresso entre Rússia e Ucrânia O metal se beneficiou da fraqueza do dólar no exterior e do recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro.

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