
Chega ao fim mais um mês de realização da campanha ‘Janeiro Branco’, ação que reúne esforços em busca de despertar atenção da humanidade para necessidades e questões relacionadas a saúde mental desde de 2014. Em busca de esclarecer dúvidas e mudar paradigmas, o Enfoque MS entrevista a psicóloga, Eliza Silva Dias, de 26 anos.
Psicóloga Clínica, pós graduanda em Imaginação Ativa e Psicoterapia de crises e suicídio, a profissional detalha o que hoje se tornou uma das doenças mais frequentes no mundo e em constante ascensão. “É um transtorno comum e sério, interfere em todas as áreas do indivíduo, nos relacionamentos, no trabalho, no seu dia-a-dia. Cada um sente à sua maneira os sintomas, sendo os mais frequentes, a sensação de vazio, tristeza, desinteresse, falta de motivação, irritabilidade e até mesmo físicos, como transtornos no sono e na alimentação”, detalha a Dra. Eliza Dias.

Fortalecendo o ideal da campanha, a profissional da saúde mental destaca o valor do acompanhamento com um psicólogo, revelando a importância de se receber acolhimento. “Capacitar esse indivíduo a se reconectar consigo mesmo, seja pelo falar e ser amparado nesse seu sofrimento e realidade, quanto a mudar hábitos que reforcem a doença e a ressignificação dos pensamentos, diz Eliza, que ainda complementa, frisando que em alguns casos se faz necessário ouso de medicação para auxiliar a regressão da doença, porém, enfatizando que a eficácia do tratamento é sem dúvida maior quando aliada a terapia.
Um pensamento comum dentre a sociedade é relacionar a terapia apenas ao tratamento de doenças ou transtornos mentais. “A terapia é uma ferramenta tanto de prevenção quanto para o autoconhecimento”, salienta. Os benefícios da terapia se relacionam a lidar com traumas, conflitos do dia-a-dia, melhorar os relacionamentos, promover a inteligência emocional, que é saber que emoções está sentindo, o que fazer com aquela emoção, saber os limites pessoais e do outro; melhorar a autoestima, entender o porquê de certos comportamentos e vários outros benefícios.
A saúde mental, é um termo que ficou popularmente conhecido nos últimos anos, mas que nada mais é, do que algo de relevância para o cotidiano, em um todo. “A saúde mental interfere em como percebemos a vida, pensamos, nos sentimos, nos relacionamos. Estar com uma boa saúde mental em dia, significa bem-estar psicológico, emocional e social, que mesmo com os altos e baixos do dia-a-dia, ainda conseguir se adaptar sem adoecer”.
As doenças mentais e da alma sempre foram parte da rotina dos seres humanos, no entanto, de um período para outro, ocorreram mudanças na percepção deste mal. Apesar de existir relação genética e ambiental, não há uma causa específica para essas doenças, ou seja, qualquer trauma psíquico pode afetar um indivíduo a desenvolvê-las.
Outro fator externo que tem interferido muito para o desenvolvimento ou agravamento dessa condição é a situação pandêmica no mundo. Atualmente, já é possível visualizar os efeitos da pandemia a um aumento considerável, principalmente, de depressão e ansiedade. “Existem algumas pesquisas que mostram que as restrições, o isolamento, as perdas de emprego, foram sentidas como um evento traumático e estressante, que trouxeram piora a quem já tinha a doença e outros a desenvolverem. Então, nesse caos em que nos encontramos a terapia se mostrou essencial”, ressalta.
Por fim, e não menos importante, identificar a real circunstância que se vivencia, é essencial para a resolução da situação. Muitos acabam por confundir sintomas de uma síndrome, como a depressão e a ansiedade com um episódio passageiro e isolado. Sentimentos como a tristeza costumam ser momentâneos, sendo relacionados geralmente a um motivo específico, como perder o emprego, terminar um relacionamento, ir mal em uma prova, isso pode durar dias e até semanas.
Já a depressão por outro lado, abrange outros sintomas que devem estar presentes quase todos os dias, e ter pelo menos cinco indicativos de critério diagnóstico, e um deles de humor deprimido ou perda de prazer e interesse. “A depressão pode interferir, nos pensamentos, no sono, na vontade e em várias áreas da vida do indivíduo. Na dúvida, é sempre bom se consultar com um profissional da saúde” conclui a psicóloga.
Vale ressaltar que nesta segunda-feira (31) se encerra o ciclo de uma campanha de conscientização, onde se combatem tabus e principalmente orientam-se pessoas, inspirando o cuidado com a saúde e o autoconhecimento, gerando respeito e reflexões das mais variadas maneiras. O cuidado com o bem-estar nunca para. Cuide-se!