
Campinas registrou no primeiro trimestre deste ano 467 casos da doença mão-pé-boca, alta de 55% em relação às 300 ocorrências de infectados em todo o ano passado. O vírus Coxsacki da síndrome é altamente transmissível por contato com secreções das vias respiratórias ao tossir, espirrar e falar; secreções das feridas das mãos ou dos pés; e pelo contato com fezes dos pacientes infectados. Atinge, principalmente, crianças com menos de 5 anos. Por isso, a prevenção consiste em higienizar as superfícies e intensificar a higiene pessoal. Os sinais característicos são manchas vermelhas nas mãos, pés e boca. Os infectados podem ter febre, diarreia, vômito e falta de apetite.
A infectologista do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Valéria Almeida, explicou o que fazer para evitar o contágio. “É importante se precaver em situações como beijos, ingestão de água e alimentos compartilhados com alguém infectado, troca de fraldas, aperto de mão com alguém contaminado, contato com brinquedos ou objetos que possam ter sido contaminados por mãos sujas, entre outras”, disse.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica do Devisa, Daiane Morato, disse que esses meios de transmissão já são suficientes para que essa doença se propague com mais facilidade. Ela explica que a doença é comum em crianças pois têm mais contato físico entre elas e o isolamento durante a pandemia de Covid-19 atrasou o amadurecimento do sistema imunológico. “As crianças ficaram ‘guardadinhas’ durante a pandemia e não tiveram contato com doenças comuns na infância. Isso fez com que o sistema imunológico não tenha amadurecido. Agora, com a volta às aulas, elas estão tendo mais contato e, consequentemente, se contaminando mais”, avaliou.
Segundo o infectologista André Ricardo Ribas Freitas, a máscara dificulta a transmissão viral e, como as pessoas pararam de utilizar a proteção, isso pode ter levado ao aumento dos casos. “O isolamento favoreceu o represamento de uma série de casos de crianças que poderiam ter se infectado antes e, por não terem se infectado, estão se infectando agora. A principal causa é esse retorno do isolamento, mas é difícil apontar uma única causa para um surto”, avaliou o médico.
Além dos fatores da pandemia, a pediatra Gabriela Murteiro explica que a doença mão-pé-boca ocorre com mais frequência no fim do verão e começo do outono, justamente a época do ano que abrange o primeiro trimestre do ano. “Provavelmente isso tem relação com condições climáticas”, disse a médica.
Com relação às crianças, a médica diz que o sistema imunológico imaturo faz com que as crianças contraiam essa doença com mais facilidade do que os adultos. “As crianças ficam muito próximas umas das outras. Em ambientes fechados, o contágio é maior. Ainda mais porque elas colocam muitos objetos na boca”, explicou.
Gabriela disse que quando a criança for diagnosticada com a síndrome da mão-pé-boca, é importante que não vá à escola e que os pais comuniquem a unidade escolar sobre a doença. A pediatra explica que o tratamento consiste no controle de sintomas, uma vez que não há vacina para a doença. “É importante manter uma alimentação mais leve, evitar comidas quentes e apimentadas, aumentar a hidratação. Porque o tratamento é controlar os sintomas com medicamentos”, orientou.
Hortolândia
Hortolândia registrou 57 casos da doença mão-pé-boca na Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental João Carlos do Amaral Soares, localizada no bairro Nova Hortolândia. Com isso, a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia determinou a suspensão das aulas presenciais, conforme orientação da Secretaria de Saúde do município. Essa determinação é baseada no protocolo do Ministério da Saúde, que orienta afastamento quando é constatado 30% de casos confirmados em um mesmo local, pelo fato de que a doença é altamente contagiosa.
Segundo informações da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia de Hortolândia, os alunos afastados estão recebendo Atividades Pedagógicas Domiciliares (APD). A Secretaria da Saúde da cidade orientou a escola no reforço das medidas de higienização das salas, brinquedos e outros materiais compartilhados pelas crianças. A Secretaria também emitiu um alerta para as demais escolas e creches para que comuniquem a Vigilância Epidemiológica casos suspeitos ou positivos da doença.
SINTOMAS DA DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA
? febre alta dias antes de aparecer as lesões
? manchas vermelhas com pontos branco-acinzentados no centro na boca, amígdalas, faringe e boca, que podem evoluir para úlceras dolorosas
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? erupção de pequenas bolhas nas mãos e pés
? mal-estar
? falta de apetite
? vômitos
? diarreia
? dificuldade de engolir
? salivação
FONTE: Ministério da Saúde