Um relatório do Imperial College de Londres concluiu que a probabilidade de morte por Covid-19 dobra a cada oito anos de idade. A progressão, observada através de uma modelagem que calcula a taxa de óbitos pelo número de infectados pelo novo coronavírus, reforça a periculosidade do patógeno e a vulnerabilidade de idosos.
O levantamento, que incluiu o Brasil, indica também que a taxa de mortalidade entre os que contraíram o Sars-CoV-2 é maior em países mais desenvolvidos. Isso se deve, principalmente, à maior expectativa de vida nestas nações, pontuam os autores.
Em entrevista ao GLOBO, o autor principal do relatório, o epidemiologista Nicholas Brazeau, afirma que o documento do Imperial College é a estimativa do índice de letalidade mais precisa publicada até o momento e sublinha que a progressão da letalidade reforça que a Covid-19 é uma doença bem mais alarmante do que outros vírus respiratórios.
“Embora a letalidade pela Covid-19 seja principalmente carregada pelos idosos, nós não vivemos em asilos. Precisamos que pessoas mais jovens, apesar de seu risco absoluto ser menor, façam sua parte e ajudem a proteger os grupos mais vulneráveis", alerta Nicholas Brazeau.
O pesquisador ressalta que os índices são preocupantes inclusive na meia idade, onde um a cada 260 pacientes da Covid-19 acaba morrendo.
O cientista lembra que a taxa de letalidade é um dado chave para os modelos de doenças infecciosas, que ajudam a antecipar cenários e apontar os melhores caminhos para políticas de saúde, tratamentos e diretrizes para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19.
A epidemia brasileira, continua o pesquisador, tem particularidades que a diferem do quadro europeu, como a dimensão territorial e particularidades regionais.
No entanto, o trabalho se atém ao recorte da idade e não foram levados em conta aspectos que podem contribuir para maiores índices de letalidade em países menos desenvolvidos.